quinta-feira, novembro 20, 2025

SAMBA EM PRELÚDIO. Vinícius de Moraes


 

19.Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo

 São Mateus 28

quarta-feira, novembro 19, 2025

CARTA AO TOM. Vinicius de Moraes


 

POSSE. Ana Cecília de Souza Bastos

Dias em que somos acometidos pela cidade.


A cidade é soberana

e nós,

involuntários na paisagem.


O mar,

sentimento do que é talássico,

báratro, abismo.

O oceano a nos envolver,

envoltório de ruas acanhadas e eternas.


Dias em que a cidade se sobrepõe à rotina

e nada mais somos,

senão seus viventes.

segunda-feira, novembro 17, 2025

O QUICHOTE. Miguel de Cervantes

 “- Avisa, Sancho, respondeu Dom Quixote , que a verdadeira beleza se divide em duas: a do corpo e a da alma. 

A primeira é fugaz, refém do tempo, mas a segunda…


Ah, essa resplandece no entendimento, na honestidade, no caráter nobre, na generosidade e na educação. 

E todas essas virtudes podem habitar até o semblante mais simples. 

Quando se ama com os olhos da alma e não apenas com os do corpo, o amor floresce com força e se sustenta com grandeza.”


📚O Quixote

Miguel de Cervantes

O BEM DO MAR. Dorival Caymmi


 

13.As tentações que vos acometeram tiveram medida humana. Deus é fiel; não permitirá que sejais tentados acima das vossas forças. Mas, com a tentação, ele vos dará os meios de sair dela e a força para a suportar.

 I Coríntios 10

sábado, novembro 15, 2025

DALILA TELES VERAS

 VI


o rubicão ali está e precisa ser atravessado

na margem a poeta e seu pálido poema hesitam


diante do incontornável ponto sem retorno

funda-se o gesto destemido e ação determinante


antes do mergulho


cantarola uma canção para embalar utopias

e braços flácidos nada e afunda nada e afunda

PARTIDO ALTO


 

8.Finalmente, irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso ou que de qualquer modo mereça louvor.

 Filipenses 4

quinta-feira, novembro 13, 2025

Cabeça Inchada - Solon Sales. Sinhô1922.

Vicente Celestino - TRISTE CARNAVAL - Américo Jacomino - Arlindo Leal - ... 1922

[GOSTO DE SENTIR SAUDADE]. Halina Poswiatowska

 gosto de sentir saudade

escalar o corrimão do som e da cor
captar com lábios abertos
cheiros congelados

gosto da minha solidão
suspensa mais alto
do que uma ponte
que abraça o céu com as mãos

e do meu amor
que pisa descalço
na neve

FOTOGRAFIA


 

23.Porque o salário do pecado é a morte, e a graça de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.

 Romanos 6

quarta-feira, novembro 12, 2025

HORA BENDITA. Charles Fonseca


 

PARA O MANUAL DE LITERATURA DO ENSINO MÉDIO. Hans Magnus Enzensberger

Não leia odes, meu filho, leia os horários dos trens:

são mais exatos. Desenrole os mapas náuticos

enquanto ainda é tempo. Fique atento, não cante.

Virá o dia em que voltarão a pregar listas

no portão e a pintar marcas no peito dos que dizem

não. Aprenda a passar incógnito, aprenda mais que

a mudar de bairro, de passaporte, de rosto.

Exercite a pequena traição,

a imunda salvação de cada dia. É para

fazer fogo que servem as encíclicas,

e os manifestos, para embrulhar a manteiga e o sal

dos indefesos. Raiva e paciência são necessárias

para soprar nos pulmões do poder

o pó fino e mortífero, moído

por aqueles que tanto puderam aprender,

que são exatos, por você.

25.Disse-lhe Jesus:"Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. "

 São João 11

FOTOGRAFIA


 

Como ela será logo penso longe dela eu alturas onde será logo no esconso eu e ela por extenso?

 Charles Fonseca 

terça-feira, novembro 11, 2025

PÃO DA VIDA. Charles Fonseca


 

TELESCÓPIO. Eucanaã Ferraz

 TELESCÓPIO

As fotografias eram em preto e branco. Os filmes eram em preto e branco. A televisão era em preto e branco. As geladeiras eram brancas e os telefones eram pretos. Lá longe o azul da Prússia. Na escola o disco de Newton ensinava as leis da luz mas tudo o que aprendíamos era o mundo que girava depois do muro. Amei à primeira vista as estrelas amarelas na bandeira de Cabo Verde. Nomes assim: lápis-lazúli. Coisas espantosas como o rio Negro e o mar Vermelho. Ai flores do verde pinho — onde perdi meu amigo?

segunda-feira, novembro 10, 2025

Sururu Na Cidade - Zequinha de Abreu. 1922

NUMERAL 16. Armando Freitas Filho

 


               Para Mário Rosa

Escrever é arriscar tigres

ou algo que arranhe, ralando

o peito na borda do limite

com a mão estendida

até a cerca impossível e farpada

até o erro — é rezar com raiva.

PINTURA


 

Das musas que distantes prefiro a de olhar que me esconde trás lentes negras semblante me faz entrar em transe. Ela sabe que é assim melhor mais distante espiritual que perto fogueira em mim Carnaval eu vadio Arlequim.

 Charles Fonseca 

LEÃO XIV


 

sábado, novembro 08, 2025

LOUVOR Charles Fonseca


 

SESMARIAS. Diego Vinhas

 SESMARIAS


1% dos mais ricos do mundo detém a mesma

riqueza que o resto dos 99%.


seis brasileiros concentram a mesma renda

que 50% dos mais pobres.


nos EUA a média diária de consumo de água

per capita é de 575 litros enquanto na Etiópia

é de 15 litros.


dez multinacionais têm mais capital que 180 países.


mulheres recebem, em média, salários 30% menores

que os homens quando ocupam os mesmos cargos

e com a mesma formação.


O motorista do Dr. Mansur

é filho do motorista do pai do Dr. Mansur.


aquele zé-ninguém puxando conversa com a

madame. se o coronel manda apagar não dá nada.


advogados só podem despachar com magistrados

às 3as e 5as, das 14hs às 17hs (alguns

não atendem mesmo).


você sabe com quem está falando?

24.Em verdade, em verdade, vos digo: quem escuta a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não vem a julgamento, mas passou da morte à vida.

 São João 5

quinta-feira, novembro 06, 2025

A CORRUPÇÃO

PIX 018.631.345-49 


Em 2 de fevereiro de 1905 nasceu, em São Petersburgo, a filósofa e escritora americana (nascida na Rússia) Alissa Zinovievna, mais conhecida no mundo literário como Ayn Rand.


E ela disse:


“Quando perceber que, para produzir, é preciso obter autorização daqueles que nada produzem;

quando constatar que o dinheiro flui não para quem negocia bens, mas para quem trafica favores;

quando perceber que muitos se enriquecem por meio de subornos e influências mais do que por seu trabalho — e que as leis não te protegem contra eles, mas, ao contrário, são eles os protegidos contra ti;

quando descobrir que a corrupção é recompensada e a honestidade se torna um sacrifício —

então poderás afirmar, sem medo de errar, que tua sociedade está condenada.”

RUY BARBOSA


 

Não uso lentes corretoras, óculos escuros os perco demais, nas praias nem ligo mais em esconder olhar pras musas. Só uma em particular me deixa em devaneios pra esta soslaio há é mineira fico banzeiro.

 Charles Fonseca 

Carolina Cardoso de Menezes - SETE COROAS - Sinhô (José Barbosa da Silva). 1922

PIX 01863134549

23.mansidão, autodomínio. Contra estas coisas não existe lei.

 Gálatas 5

SANSÃO E DALILA

PIX 018.631.345-49 

 

 

Favoritei uma foto da musa flor.

 Charles Fonseca 

PIX 018.631.345-49 

terça-feira, novembro 04, 2025

NÃO APENAS PASSANTES. Heba Abu Nada

 NÃO APENAS PASSANTES

Ontem uma estrela disse
à pequena luz em meu coração:
Não somos apenas transeuntes
passando. 

Não morra. Sob esse brilho
alguns andarilhos permanecem
caminhando. 

Você foi concebida por amor.
Portanto, não leve mais que amor
àqueles que tremem.

Um dia todos os jardins brotaram
de nossos nomes, daquilo que restou
dos corações ansiosos.

E desde que se tornou madura, 
esta língua antiga
nos ensinou a curar pessoas 
com nossos desejos,

como ser um aroma celestial
para relaxar seus pulmões contraídos: 
um suspiro de boas-vindas,
um hausto de oxigênio. 

Suavemente passamos sobre as feridas,
como uma gaze suave, um olhar de alívio,
uma aspirina. 

Ó pequena luz em mim, não morra,
mesmo que todas as galáxias do mundo
se apoximem. 

Ó pequena luz em mim, diga:
Entrem em paz no meu coração.
Todos vocês, entrem!

Mário Reis - Sabiá (1928). De Sinhô 1922

Lacan


 

15.Tu, Senhor, Deus de piedade e compaixão, lento para a cólera, cheio de amor e fidelidade,

 Salmo 86

terça-feira, outubro 28, 2025

Bahiano - A ESPINGARDA - embolada - Jararaca - Odeon 122.102 - ano de 1922

Conversei com grande empresário. Férreo. Sem alma. Sem sentimentos. Prefiro meus pensares etéreos.

 Charles Fonseca 

DE MINHA CONCHA. Marize Castro

 DE MINHA CONCHA]

De minha concha ouço todos que chegam
Seminua vejo os primeiros amantes
Os mais belos causam-me fulgor
Os menos belos, nostalgia
Não resisto aos mais vulneráveis
Suas mandíbulas de ouro fascinam-me:
triturem-me, peço-lhes

O dilúvio desses olhos aterroriza

No matadouro mais próximo, entregam-se
novos e velhos corpos
(entre línguas de felpa, o divino se mostra)



	  Então repito:

	  toca-me, ar
	  toca-me, água
	  toca-me, fogo
	  toca-me, terra
	  toca-me, éter



			  Eis o inevitável:
			  quedo-me

RESSURGIU. Charles Fonseca


 

7.Então a paz de Deus, que excede toda a compreensão, guardará os vossos corações e pensamentos, em Cristo Jesus.

 Filipenses 4

sábado, outubro 25, 2025

Obrigado por me incluir na relação dos lindos. Foi preciso chegar perto dos 81 para me dar conta de que nunca em tempo algum ouvi ou li ser considerado lindo.

 Charles Fonseca 

CRUEL ILUSÃO Esperar, esperar o que não vem como ninguém à espera de ninguém.

 Daniel Pereyr

CARMEM MIRANDA


 

DESLUMBRANTE. Charles Fonseca


 

A HISTÓRIA DE HITLER

 "O maior erro de Hitler foi nunca deixar de ser um revolucionário.


As pessoas costumam mencionar que o maior erro de Hitler foi invadir a Rússia ou confiar em seu destino racial. Ruim, tudo bem — mas havia uma causa subjacente. Ele não percebeu que vencer uma revolução e vencer uma guerra mundial não é a mesma coisa.


Hitler era ótimo no caos. Ele era um homem que sabia como tomar o poder, mas não governar uma nação. Ele foi construído para aniquilar e não para governar. Continuou a agir como um rebelde em vez de um líder depois de assumir o poder.


Ele até demitiu seus maiores generais porque eles não concordavam com ele. Ele colocou altos cargos com amigos em vez de indivíduos inteligentes. Göring despedaçou a força aérea e ninguém conseguiu dizer a verdade a Hitler. Habilidade não era tão importante quanto lealdade, e isso era evidente.


Ele sempre desejou vitórias rápidas e chamativas, guerras rápidas, vitórias rápidas. Nos casos em que as coisas se arrastavam, ele não se adaptava. Ele acreditava que a força de vontade só poderia derrotar a realidade. Você não pode gritar mais que o inverno ou beber mais que as balas. 


Hitler nunca abandonou a mentalidade revolucionária no final. Ele acreditava que o mundo seria submisso ao seu desejo. Não foi. Foi através de uma transgressão que ele chegou ao poder, e foi através da transgressão que ele perdeu tudo, já que nunca soube obedecer a regras."

sexta-feira, outubro 24, 2025

quinta-feira, outubro 23, 2025

BEIJINHO DOCE


 

A Jesus Cristo Nosso Senhor" GREGÓRIO DE MATOS

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,

Da vossa alta clemência me despido;

Porque, quanto mais tenho delinquido,

Vos tenho a perdoar mais empenhado.

​Se basta a vos irar tanto um pecado,

A abrandar-vos sobeja um só gemido:

Que a mesma culpa, que vos há ofendido,

Vos tem para o perdão lisonjeado.

​Se uma ovelha perdida, e já cobrada,

Glória tal, e prazer tão repentino

Vos deu, como afirmais na Sacra História:

​Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada;

Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,

Perder na vossa ovelha a vossa glória.

PINTURA


 

19.Quanto a nós, amemos, porque ele nos amou primeiro.

 São João 4

Foi amar a mais hoje menos quase nada, assim foi minha cidade amada quase nada resta. Um rebento.

 Charles Fonseca 

TEMPO DO DESEJO. Giselle Vianna

 TEMPO DO DESEJO

selado o envelope
— cavalo onde o desejo
vem montado a galope —
resta a travessia
passo por passo
milha por milha
náutica
o cruzar de um mar
de percalços

a ânsia viaja — aeronave
de uma ideia vaga —
enquanto aguarda
do outro lado do mapa
lento, real, cargueiro,
o tempo naval
do desejo virar vontade

SUBSTITUIÇÃO. Charles Fomseca


 

ADEMILDE FONSECA


 

terça-feira, outubro 21, 2025

Comunhão dos Santos e a Visão Beatífica

A pergunta sobre se quem está no Céu sabe o que se passa na Terra toca num ponto da doutrina católica que se baseia em dois mistérios centrais: a Comunhão dos Santos e a Visão Beatífica (ver a Deus face a face).

​A Igreja Católica não oferece uma resposta exaustiva e literal sobre o grau e a forma desse conhecimento, mas a sua teologia sugere fortemente que os bem-aventurados no Céu têm um conhecimento sobre a Terra, especialmente daquilo que lhes diz respeito ou que contribui para a sua alegria e a intercessão.

​1. O Fundamento: A Comunhão dos Santos

​O conceito que permite essa comunicação é a Comunhão dos Santos (Membros da Igreja). O Catecismo da Igreja Católica ensina que a Igreja é uma família unida, que existe em três estados:

  1. Igreja Militante (Terra): Os fiéis que ainda peregrinam neste mundo.
  2. Igreja Padecente (Purgatório): Os que se purificam após a morte.
  3. Igreja Triunfante (Céu): Os que gozam da glória de Deus (os santos).
  • Vínculo Indestrutível: Este vínculo é sustentado pela caridade e pela união em Cristo, e a morte não o destrói. Os santos no Céu não se tornam indiferentes ao que se passa na Terra.
  • Intercessão: A própria doutrina da intercessão dos santos pressupõe algum conhecimento das nossas necessidades. Pedimos aos santos para que roguem por nós, e a sua oração é eficaz porque eles estão na presença de Deus. Eles intercedem pelas almas na Terra e no Purgatório, o que demonstra que estão cientes das necessidades e das lutas da Igreja militante.

​2. O Meio: A Visão Beatífica

​O conhecimento dos bem-aventurados no Céu é fundamentalmente diferente do nosso na Terra.

  • Ver a Deus Face a Face (Visão Beatífica): O estado de felicidade plena no Céu consiste em ver Deus "face a face" (1 Cor 13, 12).
  • Conhecer em Deus: Na teologia, entende-se que, ao verem a Deus, que é a Fonte de toda a Verdade e Sabedoria, os santos podem, em certa medida, conhecer as realidades criadas em Deus. Eles veem não por esforço humano ou por informações limitadas, mas sim na luz da glória divina.
  • Conhecimento Completo e Perfeito: São Paulo diz: "Agora conheço em parte; mas então conhecerei como sou conhecido" (1 Cor 13, 12). Este conhecimento perfeito se estende a tudo o que é necessário para a sua perfeição e para a intercessão.

​3. A Questão da Tristeza no Céu

​O principal desafio teológico é conciliar o conhecimento dos sofrimentos da Terra com a felicidade plena e definitiva do Céu:

  • Ausência de Dor: A Bíblia ensina que no Céu, Deus enxugará toda lágrima (Ap 21, 4), e não haverá mais luto, nem dor, nem clamor.
  • Perspectiva Divina: A Igreja ensina que qualquer que seja o conhecimento que os santos têm da Terra, eles o veem sob a perspectiva de Deus, ou seja, à luz do Seu plano salvífico e da Sua glória. Eles sabem que o mal e o sofrimento são transitórios e serão redimidos.

​Portanto, o conhecimento que eles têm dos nossos sofrimentos na Terra não diminui sua felicidade, mas, ao contrário, motiva sua intercessão com perfeita caridade, pois veem essas realidades de forma infalível e eterna em Deus.

Conclusão:

​Segundo a doutrina católica, sim, quem está no Céu tem, de alguma forma, conhecimento do que se passa na Terra. Esse conhecimento não é mundano e limitado, mas é participado na glória de Deus (Visão Beatífica) e é essencial para o exercício de sua caridade e intercessão (Comunhão dos Santos).

​Eles não "sofrem" com o mal da Terra porque veem tudo à luz do plano perfeito de Deus e da certeza da salvação.


IA

REPETECO


 

MACHADO DE ASSIS

 Um sujeito, ao pé de mim, dava a outro notícia recente dos negros novos, que estavam a vir, segundo cartas que recebera de Luanda, uma carta em que o sobrinho lhe dizia ter já negociado cerca de quarenta cabeças, e outra carta em que… Trazia-as justamente na algibeira, mas não as podia ler naquela ocasião.

VINÍCIUS DE MORAES


 

SALVE RAINHA

 ​Salve, Rainha, Mãe de misericórdia,

vida, doçura e esperança nossa, salve!

A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva.

A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.

​Eia, pois, Advogada nossa,

esses Vossos olhos misericordiosos a nós volvei;

e depois deste desterro

nos mostrai Jesus, bendito Fruto do Vosso ventre.

​Ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria.

​Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,

Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Amém.

TEIXEIRINHA


 

Ruy Proença. CONTRA O AMOR E A GUERRA NÃO HÁ GUARDA-CHUVA

hoje em dia

enviaria para você

uma legião de drones

que lançassem

uma chuva de rosas

e poesia


infelizmente

daqui a vinte anos

se alguém ainda me ler

talvez esse alguém

nem saiba mais

o que foi drone ou telefone


talvez pior —

só fique o drama

a dor o trauma

dos gafanhotos

de guerra —

drones


daqui a vinte anos

estarei eu também

dissolvido

apagado

morto

na noite insone

13.Que o Deus da esperança vos cumule de toda alegria e paz em vossa fé, a fim de que pela ação do Espírito Santo a vossa esperança transborde.

 Romanos

ALCEU VALENÇA


 

segunda-feira, outubro 20, 2025

Tenho tantos contemporâneos idos que fico assim meio sem graça

 Charles Fonseca 

ESTÁTUA


 

ÁGUAS DE MARÇO


 

CAJUINA. Caetano Veloso

 

​Existirmos a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
​Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina
​Existirmos a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
​Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina
​Existirmos a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina

NOEL ROSA

 


20.Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo.

 APOCALIPSE 3

SALVADOR


 

domingo, outubro 19, 2025

Reflexões de um oncologista brasileiro:

 # Reflexões de um oncologista brasileiro:


1. A terceira idade da vida começa oficialmente aos 60 anos e espera-se que termine aos 80.


2. A quarta idade, ou velhice, começa aos 80 anos e termina aos 90.


3. A longevidade começa aos 90 anos e termina após a morte.


4. O principal problema de uma pessoa idosa é a solidão. Frequentemente, os cônjuges não envelhecem juntos, alguém sempre vai primeiro. 

 Um viúvo ou viúva se torna um fardo para sua família. Por isso, é tão importante não perder o contato com amigos, se reunir e se comunicar com frequência, para não ser um fardo para os filhos e netos, que provavelmente nunca dirão isso.

  Minha recomendação pessoal é não perder o controle da sua vida. Isso significa decidir quando e com quem sair, o que comer, como se vestir, a quem ligar, a que hora dormir, o que ler, com o que se divertir, o que comprar, onde morar, etc. Porque se você não pode fazer todas essas coisas livremente e por conta própria, você se tornará uma pessoa insuportável que será um fardo para a vida dos outros.


William Shakespeare disse: "Sempre me sinto feliz!" Você sabe por quê? Porque não espero nada de ninguém. A espera sempre é agonizante. Os problemas não são eternos, sempre têm uma solução. Acredita-se que somos culpados pelos nossos problemas. O único para o que não há cura é a morte.


Antes de reagir... inspire profundamente; Antes de falar... escute; Antes de criticar... olhe para si mesmo; Antes de escrever... pense com cuidado; Antes de atacar... renda-se; Antes de morrer... viva a vida mais linda que puder!!!


A melhor relação não é com a pessoa perfeita, mas com alguém que aprendeu e está aprendendo a viver de forma tão interessante e bonita quanto possível. Observe as deficiências das outras pessoas... mas também admire e elogie suas virtudes.


Se você quer ser feliz, tem que fazer alguém feliz. Se você quer algo, primeiro deve dar algo de si mesmo. Você precisa se rodear de pessoas boas, amigáveis e interessantes e ser um deles.


Lembre-se: Nos momentos difíceis, mesmo com lágrimas nos olhos, levante-se e diga com um sorriso: "tudo está bem, porque somos frutos de um processo evolutivo".


Pequeno teste: Se você não reenviar esta mensagem para ninguém, então você é uma pessoa infeliz e solitária que não tem amigos. Envie esta mensagem às pessoas que você valoriza e nunca esquecerá !

FLORIANÓPOLIS


 

O caminho é muito estreito para tantas ideias que pedem passagem

 Charles Fonseca 

SALVADOR


 

Maíra Dal’Maz

 ESCREVER É BRINCAR COM RUÍNAS

2

minha mãe foi
mãe de suas irmãs
vendedora de flores de pano
caixa de banco
camareira e garçonete

viu cantar no hotel brasil
agnaldo timóteo e moacyr franco

era sonâmbula
seu sonho nessa época
era cobrir a lua
com um lençol

até hoje ela gosta da lua
tira fotos e reclama que não fica
tão bonita

qual o sonho dela hoje?
ser reintegrada à universidade
tomar vinho na piscina sob a luz
da lua
nós ao redor
inclusive os cachorros

AMIGO INCOMPARÁVEL. Charles Fonseca


 

SALVADOR


 

Deus é uma pessoa

DALVA DE OLIVEIRA


 

5.Mas ele foi trespassado por causa das nossas transgressões, esmagado em virtude das nossas iniqüidades. O castigo que havia de trazer-nos a paz, caiu sobre ele, sim, por suas feridas fomos curados.

 Isaias

A PRAIA


 

O vaso que verte

 O vaso que verte 


Entre Ovídio e Lacan, há um mesmo gesto: o de tentar dizer o que transborda o dizer.

Em Metamorfoses, Ovídio narra a história de Biblis, tomada por um amor impossível, que chora até se transformar em fonte. O corpo se desfaz em lágrimas e o sofrimento encontra passagem na matéria. A dor, que não cabe na linguagem, escorre. O corpo verte o que não pode calar.


Lacan, séculos depois, fala do vaso como metáfora do sujeito. O vaso não é o barro que o compõe, mas o vazio que o estrutura. É o furo central que o faz ser o que é. Assim também o sujeito: não se define pelo que o preenche, mas pelo que o falta.


O vaso que verte é o instante em que o furo já não sustenta o contorno.

É quando o excesso atravessa o corpo e o real escorre pela borda do simbólico.

Na imagem de Ovídio, isso aparece como a lágrima que brota e transforma; em Lacan, como o gozo que escapa à palavra.


Entre a metamorfose e o furo, há um mesmo movimento: o de dar forma ao impossível.

O corpo, ao verter, fala. A lágrima é a linguagem do que não pode ser dito.

O vaso que verte é o símbolo da travessia entre o corpo e a palavra, o ponto em que o sujeito se escreve no limite entre o gozo e o sentido.


Referência: Seminário 15 - O Ato Psicanalítico


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SALVADOR


 

sábado, outubro 18, 2025

SONETO 116. William Shakespeare

 Certamente! William Shakespeare não foi apenas um dramaturgo genial, mas também um poeta notável. Sua produção poética inclui dois poemas narrativos e, principalmente, 154 Sonetos, que exploram temas universais como amor, beleza, tempo e mortalidade.

​Vou comentar sobre o Soneto 116, um dos mais famosos e celebrados, que se tornou um hino ao amor ideal:

​💖 Comentário sobre o Soneto 116

​O Soneto 116 é um elogio apaixonado e idealizado ao Amor Verdadeiro. Nele, Shakespeare define o que o amor não é para, em seguida, exaltar sua natureza eterna e inabalável.

​1. A Natureza Inalterável do Amor

​O poema começa estabelecendo a premissa de que o amor autêntico é aquele que não se altera diante de obstáculos.

​De almas sinceras a união sincera,

​Nada há que impeça: amor não é amor

​Se quando encontra obstáculos se altera,

​Ou se vacila ao mínimo temor.

​Para Shakespeare, o verdadeiro amor é constante e imutável. Se o sentimento muda ou enfraquece por causa das dificuldades ou medos, então, por definição, não é amor.

​2. O Amor como Guia Eterno

​O poeta usa metáforas marítimas para descrever o amor como uma força orientadora e um farol:

​Amor é um marco eterno, dominante,

​Que encara a tempestade com bravura;

​É astro que norteia a vela errante,

​Cujo valor se ignora, lá na altura.

​Aqui, o amor é comparado a um farol (um "marco eterno") que se mantém firme na tempestade. Ele serve como uma estrela-guia para o navio perdido ("a vela errante"), simbolizando a segurança e a direção que o amor verdadeiro oferece em um mundo caótico.

​3. O Triunfo sobre o Tempo

​Shakespeare aborda o inimigo inevitável de todas as coisas belas e mortais: o Tempo.

​Amor não teme o tempo, muito embora

​Seu alfange não poupe a mocidade;

​Amor não se transforma de hora em hora,

​Antes se afirma para a eternidade.

​O "alfange" (espada) do Tempo destrói a beleza e a juventude ("a mocidade"), mas o amor, em sua essência, transcende a passagem das horas e dos anos. Ele não se limita à paixão física, mas sim a um vínculo espiritual e eterno.

​4. A Conclusão Definitiva

​O Soneto 116 termina com um dístico (dois versos finais) de desafio e autoafirmação, um recurso típico dos sonetos shakespearianos:

​Se isso é falso, e que é falso alguém provou,

​Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.

​Essa conclusão é ousada e poderosa. O poeta está tão convicto de sua definição de amor que aposta sua própria identidade e a existência do amor em sua verdade. É uma declaração definitiva sobre a natureza ideal e imortal do amor sincero.

​Gostaria de ler a tradução de outro soneto famoso, como o Soneto 18 ("Devo comparar-te a um dia de verão?") ou o Soneto 130 (sobre a "Beleza Real" da amada)?


IA





Grupo do Jesus | SÁ MIQUELINA | 1920

PORQUE UMA DE MIM CHAMA. Mar Becher

 [PORQUE UMA DE MIM CHAMA]

porque uma de mim chama
mas a outra hesita

porque uma de mim espera a noite
mas a outra guarda a manhã

porque se cruzam na passagem, e uma olha
mas a outra desvia

porque permaneci no meio, e
o amor deita sombra em minha boca —
e numa de mim quero dizê-lo
mas na outra calá-lo

na outra, este medo de ferir com a voz

CALVÁRIO. Charles Fonseca


 

PATATIVA DO ASSARÉ

 "Aqui de longínqua serra / De Camões o que direi? / Quer na paz ou quer na guerra / que ele foi grande eu bem sei / exaltou a sua terra mais do que seu próprio rei / e por isso é sempre novo no coração do seu povo / e eu, que das coisas terrestres tenho bem poucas noções / porque no tive dos mestres as preciosas lições / só tenho flores silvestres pra coroa de Camões / veja a minha pequenez ante o bardo português."

- Patativa do Assaré

ARQUITETURA


 

FADO. Charles Fonseca

 É um prazer comentar este belo e comovente poema de Charles Fonseca.

​O texto é uma miniatura poética que evoca a memória afetiva e a saudade, utilizando a imagem de uma fotografia antiga como ponto central. A força do poema reside na sua capacidade de transformar um objeto simples (uma foto) em um portal para o passado e para o destino do eu-lírico.

​📸 Análise e Significado do Poema

​O poema é construído em torno do contraste entre a perfeição estática da fotografia e a imperfeição dinâmica da vida e do destino.

​1. A Construção da Imagem Ideal (1ª estrofe)

​Eu os vejo lado a lado

roupa nova bem penteados

as meninas de fita

eles sapato engraxado.

​O eu-lírico começa a nos descrever a cena na foto, que é uma imagem de ordem, cuidado e esperança. O uso de detalhes como "roupa nova," "bem penteados," "meninas de fita" e "sapato engraxado" não apenas pinta um quadro da infância, mas também sugere um momento de importância, talvez uma celebração ou uma ida a um estúdio fotográfico.

​Essa imagem é a memória idealizada de seus irmãos, um momento de unidade familiar e pureza.

​2. A Raridade da Lembrança (2ª estrofe)

​A foto era uma Laika

só a tinha o fotógrafo

​Aqui, a menção à "Laika" (referindo-se a um tipo de fotografia comum em épocas mais antigas, muitas vezes a única cópia ou negativa) reforça a raridade e o valor inestimável daquela imagem. A fotografia não estava acessível em casa; ela era quase um tesouro, guardada pelo profissional. Isso intensifica o sentimento de perda e a necessidade de resgate daquela cena na memória.

​3. A Conclusão Afetiva e Existencial (3ª estrofe)

​vejo a imagem os adoro

meus irmãos, o meu fado.

​O poema atinge seu clímax emocional nesta estrofe, que é curta e densa em significado:

​"vejo a imagem os adoro": Há uma declaração direta e poderosa de amor, que transcende o tempo e a ausência. A imagem não é apenas vista, é revivida no presente do sentimento.

​"meus irmãos, o meu fado": Esta é a síntese mais profunda. A palavra "fado" (de origem portuguesa, significando destino, sorte ou sina) traz um peso existencial. O eu-lírico não apenas ama seus irmãos, mas os reconhece como parte inseparável de seu destino, de sua história e de quem ele se tornou. A união deles, imortalizada na foto, é a marca que define sua jornada.

​💖 Temas Centrais

​Memória e Nostalgia: A fotografia funciona como um disparador de lembranças, trazendo à tona a inocência e a união da infância.

​Fraternidade e Amor Incondicional: O sentimento pelos irmãos é o motor do poema, sendo a única certeza ("os adoro") no meio da inevitabilidade da vida.

​Destino (Fado): A palavra evoca a ideia de que os laços familiares e as experiências compartilhadas são inescapáveis e moldam o caminho de cada um.

​É um texto delicado que, com poucas palavras e uma linguagem simples, consegue expressar a complexidade dos laços familiares e o poder duradouro das memórias da infância.

​Gostaria de ler outro poema de Charles Fonseca ou de outro poeta brasileiro que trabalhe com o tema da memória?


IA

SALVADOR


 

Eu os vejo lado a lado roupa nova bem penteados as meninas de fita eles sapato engraxado. A foto era uma Laika só a tinha o fotógrafo vejo a imagem os adoro meus irmãos, o meu fado.

 Charles Fonseca 

PINTURA


 

7.Então a paz de Deus, que excede toda a compreensão, guardará os vossos corações e pensamentos, em Cristo Jesus.

 Filipenses 4

JORGE VEIGA


 

sexta-feira, outubro 17, 2025

JUBIABÁ. Jorge Amado

 

"Jubiabá" é um dos romances mais importantes e politicamente engajados da primeira fase de Jorge Amado, publicado em 1935. Ele se configura como um romance de formação que acompanha a trajetória de Antônio Balduíno, um menino negro órfão que cresce no Morro do Capa-Negro, em Salvador, sob a influência do respeitado pai-de-santo que dá nome ao livro.

​🥊 Trecho Central: Antônio Balduíno no Ringue

​Muitos trechos de "Jubiabá" se destacam, mas um dos mais emblemáticos é a cena em que Antônio Balduíno (também conhecido como Baldo, o Negro) se torna boxeador e enfrenta um adversário branco e europeu:

O negro livrou o corpo com um gesto rápido e como a mola de uma máquina que se houvesse partido distendeu o braço bem por baixo do queixo de Ergin, o alemão. O campeão da Europa central descreveu uma curva com o corpo e caiu com todo o peso. A multidão rouca aplaudia em coro: – BAL-DO BAL-DO BAL-DO


​Comentário e Análise do Trecho

​Este trecho é carregado de significado e resume vários dos temas centrais da obra:

  • 1. A Metáfora Racial e Social: A luta no ringue entre Antônio Balduíno (o negro brasileiro) e Ergin (o alemão, o branco europeu) não é apenas um evento esportivo; é uma metáfora poderosa do conflito de classes e raças no Brasil da época. O sucesso de Baldo é a vitória simbólica do povo oprimido e da cultura afro-brasileira contra o domínio e a força branca/europeia.
  • 2. O Heroísmo Popular: Antônio Balduíno é um herói popular. Ele representa a força bruta e vital do povo da Bahia, o malandro, o capoeirista, o sambista. A descrição de seu golpe ("como a mola de uma máquina") enfatiza sua habilidade instintiva e a energia do seu corpo, contrastando com o formalismo e a rigidez europeia.
  • 3. A Voz da Multidão: A reação da plateia ("A multidão rouca aplaudia em coro: – BAL-DO BAL-DO BAL-DO") transforma o ringue em um palco social. O apoio da multidão confere a Baldo um caráter épico, mostrando que ele é o porta-voz e o campeão dos anseios do povo pobre, negro e marginalizado de Salvador.

​📚 Principais Temas do Romance "Jubiabá"

​O romance explora as diferentes "vidas" de Antônio Balduíno, tecendo uma crítica social profunda:

  1. O Romance de Formação: A obra segue o crescimento e a busca de Baldo por um lugar no mundo, desde a vida no morro (com o aprendizado do Candomblé e da malandragem) até a conscientização política como estivador e líder grevista.
  2. Cultura Afro-Brasileira: O livro exalta a cultura baiana, o candomblé, a capoeira e o samba como forças vitais e elementos de resistência contra a opressão. O pai-de-santo Jubiabá é a guia espiritual que ensina Baldo sobre a vida e a dignidade.
  3. Injustiça Social e Marginalidade: Jorge Amado retrata a dura realidade dos pobres, a exploração do trabalhador (como estivador e em plantações de fumo) e a marginalização. A trajetória de Lindinalva, o amor platônico de Baldo, que de menina rica e branca se torna prostituída pela miséria, é um retrato cruel dessa decadência social.
  4. Conscientização Política: O clímax ideológico do livro é a greve geral liderada por Baldo. É neste momento que o herói encontra seu verdadeiro lugar e propósito, assumindo a luta coletiva pela justiça social, em um claro alinhamento de Jorge Amado com as ideias comunistas da época.

​O romance é, portanto, um retrato vibrante e engajado da Bahia popular, onde a mágica e a força da cultura negra lutam contra a opressão.

​Você gostaria de se aprofundar na análise de outro trecho do romance, como o relacionamento entre Balduíno e Lindinalva?


IA

BAHIANO - PEMBERÊ. 1921

28.Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descanso.

 Jesus Cristo 

AMOR INCOMPARÁVEL


 

O QUERERES. Caetano Veloso

 Fantástico! "O Quereres" é um dos poemas mais densos e filosóficos de Caetano Veloso. Embora seja popularmente conhecido como canção, sua estrutura é puramente poética, baseada na exploração de dualidades e contradições.

​✨ Comentário Poético sobre "O Quereres"

​"O Quereres" não é apenas uma letra sobre um relacionamento, mas uma meditação profunda sobre a natureza da vontade (o querer), a condição humana e a complexidade das relações. O poema se constrói através de uma série de oposições binárias que mapeiam a dissonância entre duas pessoas, ou entre o eu e o mundo.

​1. A Dialética dos Opostos

​O cerne do poema reside nos versos que expõem a incompatibilidade:

​"Onde queres o ato eu sou o espírito. / E onde queres ternura eu sou tesão. / Onde queres o livre decassílabo. / E onde buscas o anjo eu sou mulher."

​Caetano usa os opostos para mostrar que, no jogo do desejo e da vida, o que um busca, o outro nega ou subverte.

​Ato vs. Espírito: Contrapõe a ação concreta (o ato) à reflexão abstrata (o espírito), sugerindo um desencontro entre a prática e a teoria na relação.

​Ternura vs. Tesão: Revela a dualidade entre o afeto puro e suave (ternura) e o desejo físico e instintivo (tesão).

​Lar vs. Revolução: Este é um dos pares mais potentes, contrapondo a estabilidade, o conforto e a tradição (lar) à mudança, ao caos e à ruptura (revolução), mostrando que a busca por segurança é frustrada pela necessidade de subversão.

​Bandido vs. Herói: Mostra como os papéis sociais e morais são relativos e trocáveis, dependendo do ponto de vista e do contexto.

​2. O Querer Incompatível

​A estrutura se repete em vários quartetos, solidificando a ideia de que o desencontro é a regra. Em cada "onde queres...", há um desvio, uma resposta inesperada.

​"Onde queres prazer sou o que dói. / E onde queres tortura, mansidão. / Onde queres um lar, revolução. / E onde queres bandido eu sou herói."

​Essa repetição cria um ritmo quase épico (como uma lista de faltas ou virtudes) e acentua a impossibilidade de sincronia. A palavra que une é o "E", que não soma, mas justapõe a contradição.

​3. A Conclusão e a Aceitação

​O final do poema resume o paradoxo e sugere uma aceitação agridoce:

​"O quereres e o estares sempre a fim. / Do que em mim é de mim tão desigual. / Faz-me querer-te bem, querer-te mal. / Bem a ti, mal ao quereres assim."

​A beleza está justamente na desigualdade. A tensão entre os opostos é o que gera o desejo e, paradoxalmente, o que o torna complexo. O eu lírico reconhece que a maneira como o outro quer (o "quereres assim") é o que o faz amar e, ao mesmo tempo, sofrer. É um amor que não é pela pessoa, mas pela tensão da busca.

​🔑 Em Síntese

​"O Quereres" é um poema sobre a inevitável dissonância da vida a dois, usando a linguagem de forma cirúrgica para desmembrar o desejo em suas partes mais antagônicas. A poesia de Caetano revela que a essência do amor pode estar justamente na persistência em querer apesar de todas as contradições.

​Gostaria de explorar a relação deste poema com alguma outra canção de Caetano que também trate de temas complexos, como "Fora da Ordem" ou "Vaca Profana"?


IA

JK E GRACIANO RAMOS


 

quinta-feira, outubro 16, 2025

Comentário do Poema "A VIA LÁCTEA" de Charles Fonseca

O poema de Charles Fonseca, embora breve, é bastante poderoso e direto em sua mensagem de busca por transcendência e elevação. Ele utiliza um contraste bem marcado entre a realidade terrena e opressiva e o ideal de liberdade e grandeza.

​1. A Realidade Opressiva (Primeira Estrofe)

​A primeira estrofe estabelece imediatamente um cenário de aflição e instabilidade:

  • "a cada dia um terremoto"
  • "a cada noite um sobresalto"
  • "madrugadas um maremoto"

​O uso dessas palavras de grande impacto ("terremoto", "sobresalto", "maremoto") cria uma imagem de uma vida cotidiana cheia de crises, ansiedade e caos. A repetição de "a cada dia/noite/madrugada" enfatiza a continuidade e a exaustão desse estado. É um ambiente onde o eu lírico se sente constantemente ameaçado e desestabilizado.

​2. A Busca Pela Elevação (Segunda Estrofe)

​A segunda estrofe introduz a virada e o desejo de fuga e superação.

  • "voar pra longe e bem mais alto": Este verso funciona como a ponte e a solução para o caos da estrofe anterior, expressando a necessidade urgente de se afastar.
  • "desse voo galináceo / eu quero o voo da águia": Este é o coração do contraste. O "voo galináceo" simboliza a mediocridade, a vida rasteira, com voos curtos e ineficazes, a rotina esmagadora. Em oposição, o "voo da águia" representa a liberdade, a visão ampla, a força e a capacidade de atingir grandes alturas.
  • "os píncaros violáceos / o azul do céu, à via láctea": Os versos finais culminam no ideal de transcendência. Os "píncaros violáceos" (os cumes, os pontos mais altos, talvez no crepúsculo ou amanhecer) e o "azul do céu" representam a meta de elevação. A "via láctea", que dá título ao poema, é o ponto final, o destino máximo, o plano cósmico, que simboliza a eternidade, a imensidão e a verdadeira libertação de tudo o que é terreno e caótico.

​3. Conclusão da Análise

​O poema é um grito conciso de revolta contra a limitação e um forte anseio por uma vida mais significativa e sublime. Charles Fonseca utiliza a metáfora do voo para expressar essa jornada psicológica: sair do "terremoto" e do "voo galináceo" para alcançar a paz cósmica e a grandeza simbolizada pela Via Láctea.

​É um texto que, apesar de simples em sua estrutura, é rico em simbolismo e ressoa com o desejo humano de superar o sofrimento e buscar um patamar superior de existência.

​Gostaria de saber mais sobre o blog do Charles Fonseca ou de analisar outro poema?


IA

DR. RENATO BORGES DA COSTA


 

Soneto XCVIII. Cláudio Manuel da Costa

Com certeza. O Soneto XCVIII ("Destes penhascos fez a natureza...") é um dos poemas mais célebres de Cláudio Manuel da Costa e um marco do Arcadismo brasileiro, pois nele o poeta une os temas clássicos do amor e da razão à paisagem peculiar de Minas Gerais.

​Aqui está o soneto e, em seguida, uma análise detalhada:

​Soneto XCVIII

​Destes penhascos fez a natureza

O berço, em que nasci! oh quem cuidara,

Que entre penhas tão duras se criara

Uma alma terna, um peito sem dureza!

Amor, que vence os tigres, por empresa

Tomou logo render-me; ele declara

Contra o meu coração guerra tão rara,

Que não me foi bastante a fortaleza.

​Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,

A que dava ocasião minha brandura,

Nunca pude fugir ao cego engano:

​Vós, que ostentais a condição mais dura,

Temei, penhas, temei; que Amor tirano,

Onde há mais resistência, mais se apura.


​🏔️ Análise do Soneto XCVIII

​O poema é um soneto perfeito (dois quartetos e dois tercetos, em versos decassílabos) que trabalha com o contraste entre a natureza de Minas Gerais, rude e rochosa, e a sensibilidade do coração do eu lírico (o poeta-pastor Glauceste Satúrnio).

​1. O Contraste entre Paisagem e Sentimento (Primeiro Quarteto)

​A estrofe inicial estabelece a antítese central do poema:

  • Tese da Natureza: O eu lírico afirma que nasceu entre "penhascos" e "penhas tão duras". "Penhas" e "penhascos" são pedras, rochas, que representam a paisagem montanhosa e áspera de Minas Gerais.
  • Antítese do Ser: No entanto, o berço rude gerou o oposto: "Uma alma terna, um peito sem dureza!". O poeta se espanta (interjeição "oh quem cuidara") por sua natureza ser tão sensível (terna e branda), destoando do local de seu nascimento.

​Essa oposição é a marca do soneto: a paisagem local, rústica, é incorporada ao Arcadismo, mas não como o locus amoenus (lugar ameno) idealizado, e sim como uma paisagem que, embora dura, não conseguiu endurecer o coração do poeta.

​2. A Força e Tirania do Amor (Segundo Quarteto e Primeiro Terceto)

​Nas estrofes seguintes, o eu lírico muda o foco para o seu sofrimento amoroso, personificando o Amor, o que é um traço da influência da Mitologia Clássica e do Neoclassicismo:

  • Amor-Tirano: O Amor é descrito como uma força implacável e guerreira ("que vence os tigres, por empresa / Tomou logo render-me; ele declara / Contra o meu coração guerra tão rara"). O uso da letra maiúscula em "Amor" e a linguagem de guerra ("empresa", "guerra", "fortaleza") destacam sua força destrutiva.
  • O Desengano: O eu lírico confessa sua "brandura" (fraqueza, suavidade) e admite que não conseguiu se proteger do "cego engano" (a ilusão do amor). Isso reflete a temática da Razão do Arcadismo, que lamenta a falta de controle sobre as paixões. O poeta, embora racionalmente conhecesse o "dano", sucumbiu à paixão.

​3. A Advertência Final (Último Terceto)

​A conclusão do soneto é a mais surpreendente e poderosa, pois retoma as "penhas" da primeira estrofe e lhes dirige um aviso direto:

Vós, que ostentais a condição mais dura,

Temei, penhas, temei; que Amor tirano,

Onde há mais resistência, mais se apura.


  • Identificação entre Natureza e Dureza: O eu lírico compara a dureza das pedras (a natureza de Minas) à dureza que o próprio coração poderia ostentar.
  • Ironia do Amor: A advertência final é que, se o Amor conseguiu vencer um coração terno, ele certamente pode vencer as rochas. Ele aponta uma cruel ironia: o Amor-Tirano não desiste; na verdade, "Onde há mais resistência, mais se apura" (se aprimora, se fortalece). Quanto mais forte e resistente a pessoa ou a pedra for, maior será o desafio e o prazer do Amor em vencê-la.

​Conclusão Estilística

​O Soneto XCVIII é, portanto, uma reflexão melancólica sobre a invencibilidade da paixão em um coração sensível, tudo isso emoldurado pela paisagem rochosa de Minas. Ele equilibra a contenção formal do Arcadismo (uso do soneto, decassílabos) com uma expressão emotiva intensa e a valorização da paisagem natal, o que faz a poesia de Cláudio Manuel da Costa ser considerada uma ponte entre o Arcadismo e o futuro Romantismo brasileiro.

​Gostaria de analisar outro soneto de Cláudio Manuel da Costa, como o que fala sobre a devastação do Rio do Carmo pela mineração?


IA

AS CAVERNAS


 

CAMÕES

 

É ótimo falar sobre Luís Vaz de Camões, o maior poeta da língua portuguesa! Como você pediu um comentário sobre um poema de Camões, vou me concentrar em seu soneto mais famoso, que é a definição clássica do amor.

​🔥 Comentário sobre o Soneto "Amor é um Fogo que Arde sem se Ver"

​O poema "Amor é um fogo que arde sem se ver" é o soneto mais célebre de Camões e a representação máxima da sua poesia lírica. Ele encapsula a essência do amor no Classicismo e no Maneirismo, definindo-o por meio de uma série de contradições (antíteses) que refletem a complexidade e a natureza paradoxal desse sentimento.

​O Poema:

​Amor é um fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói, e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer.

​É um não querer mais que bem querer;

É um andar solitário entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É um cuidar que ganha em se perder.

​É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata, lealdade.

​Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?


​Análise e Contexto

​1. O Recurso da Antítese (Contradição)

​O poema é construído inteiramente sobre a antítese. Camões usa pares de ideias opostas para descrever o amor, mostrando que ele é um sentimento que existe na tensão entre extremos:

  • ​"Fogo que arde sem se ver" (calor da paixão, mas invisível e interior).
  • ​"Ferida que dói, e não se sente" (sofrimento real, mas sem causa física aparente).
  • ​"Contentamento descontente" (alegria e insatisfação coexistem).
  • ​"Cuidar que ganha em se perder" (entrega total, mesmo que traga prejuízo ou dor).

​Essas contradições não anulam o amor, mas sim o definem como uma experiência de desconcerto e dualidade que caracteriza o ser humano e o mundo, um tema central na obra de Camões.

​2. Influência do Platonismo

​Este poema está profundamente ligado ao Neoplatonismo, corrente filosófica popular na Renascença. O amor é visto como uma ideia universal, abstrata e espiritual, que eleva o espírito, mas que, ao mesmo tempo, é experimentada de forma imperfeita e conflituosa na Terra. O amor é "ferida", é "dor", pois a experiência terrena nunca alcança a perfeição da Ideia.

​3. Forma Perfeita

​Como um soneto clássico, o poema adota a forma perfeita: quatorze versos (dois quartetos e dois tercetos) em decassílabos (versos de dez sílabas poéticas). O rigor da forma clássica contrasta com a instabilidade do sentimento descrito, reforçando a mestria de Camões.

​4. Conclusão Reflexiva

​A estrofe final (terceto) encerra o raciocínio com uma pergunta retórica. O poeta se questiona sobre como algo tão contraditório e contrário a si mesmo pode, no final, gerar a amizade e a união entre as pessoas. É a consagração do mistério do amor.

​Este soneto é apenas uma parte da vasta obra lírica e épica de Camões, que inclui o monumental Os Lusíadas (poema épico sobre as Descobertas Portuguesas) e outros sonetos famosos como "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades" (sobre a inconstância da vida) e "Alma minha gentil, que te partiste" (sobre a dor da perda).

​Gostaria de ler outro poema famoso de Camões ou de aprofundar a análise em algum aspecto da obra dele?


IA

PINTURA


 

A Árvore da Serra. Augusto dos Anjos

— As árvores, meu filho, não têm alma! 

E esta árvore me serve de empecilho... 

É preciso cortá-la, pois, meu filho, 

Para que eu tenha uma velhice calma! 

            

— Meu pai, por que sua ira não se acalma?! 

Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?! 

Deus pôs almas nos cedros... no junquilho... 

Esta árvore, meu pai, possui minh'alma! ... 

            

— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa: 

«Não mate a árvore, pai, para que eu viva!» 

E quando a árvore, olhando a pátria serra, 

            

Caiu aos golpes do machado bronco, 

O moço triste se abraçou com o tronco 

E nunca mais se levantou da terra!

SALVADOR


 

A COR DA PELE. Adão Ventura

I


a cor da pele

saqueada 

e vendida.


a cor da pele

chicoteada

e cuspida.


a cor da pele

camuflada

e despida.


a cor da pele

vomitada

e engolida.


II


a cor da pele

esfolada

em banho-maria.

PINTURA


 

terça-feira, outubro 14, 2025

UM GRANDE AMIGO


 

MARIA IMACULADA. Marcílio Godoi

Pus pulseira de berloque

saia de tirar retrato

no espelho fiz um coque

inda engraxei os sapatos.


    Botei broche na lapela

    água de flor no cangote

    lavei as mãos na gamela

    e caprichei no decote.


Cruzei a praça sorrindo

como quem não passeasse

como não fosse domingo


    como se eu não me lembrasse

    que o meu nome é Imaculada

    e eu ainda estou deitada.

domingo, outubro 12, 2025

CANTO GREGORIANO


 

FOTOGRAFIA


 

1.No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.

 São João 1

HINO. Nome Precioso


 

BAILE DA SAUDADE


 

VOO. Ana Costa dos Santos

 

Morto, o pássaro
está a salvo:
não há risco após a queda.

Então por que me espantam
seu sono,
seu silêncio,
o baque ao pé
da árvore, igual
ao de uma fruta
podre
qualquer,
seu corpo dissecável,
onde, buscando, eu acharia
uma garganta, um coração
quieto?

Dizem que certos pássaros
dormem voando —
este talvez
voe dormindo.

sábado, outubro 11, 2025

CANTO GREGORIANO


 

FOTOGRAFIA


 

Ao entardecer vida reclusa o pensar além dos céus profundos além muito além dos infinitos levo comigo em meu peito a musa.

 Charles Fonseca 

MIMOSA


 

NOME PRECIOSO


 

Penso no céu nublado algo me atrai à terra. Agora é o céu azulado. Vejo o olhar da musa meu fado. Minha vida assim só ela.

 Charles Fonseca 

PINTURA